26 de noviembre de 2015

encontros



Aquí dejo dos fragmentos si las velocidades os permiten deteneros aquí. Demorar la desaparición resultado del entrevero, in-tentar atravesar los márgenes. Qué pobreza la de un recuadro! Qué fragilidad! No bien es cierto que estos dos fragmentos de Carlos están entre esas “tomas” que amo, pues son fruto del acto de andar, de un espacio a pie de casa. Dentro de un rato en la facultad de filosofía será una presentación del libro. De momento, ralentizo la lectura, resido en cada hoja, y os invito a quedar.








CARLOS C. VARELA
DIARIOS

ATRAVÉS
                                                                                                                 editora



O SORRISO DAS ÁRBORES

“IAGO: Dende a ventá da miña cela vese unha chaira e
catro arboriñas solitarias. Son tan pequechas e enxumidas
que máis ben semellan matogueiras. (… ) aquela chaira
interminábel e estraña”.
Roberto Vidal Bolaño, Rastros

“… está falta de árvores e cheia de
homens maus e vicosos…”
Códice Calistino


Com a náusea, Ronquentin angustia-se perante a contingencia da materialidade, mas cuando se sobrepõe, é o sorriso das árvores o que o resgata: “Ergui-me, saí. Ao chegar à cerca, volvi-me. Então o jardín sorriu- me (…) O sorriso das árvores, do maciço de loureiro quería dizer algo; aquele era o verdadeiro segredo da existencia. Recordei que num domingo, não há mais de três semanas, tinha captado nas cousas uma espécie de ar de cumplicidade… “. A mesma cumplicidade de que falam em To the lighthouse as personagens de Virginia Wolf? “Tornava-se curioso, pensou, como, quando alguém estaba sozinho, se apoiava nas cousas, nas cousas inanimadas; árvores, ríos, flores; sentía que davam expressão ao sei propio ser, que se convertiam nele, que o conheciam; que em certa maneira, eran ele, e sentía desse modo a mesma ternura irracional polas cousas (contemplo o longo lampejo luminoso) que por um mesmo”.

Como habitar um lugar sem árvores? Um não-lugar sem árvores, mesmo se não houver muros.

Conheci o Buba no ventre da Audiência Nacional. Fazia un frio do demo. Com umas mantas nojentas remoinhamonos como pudemos na mazmorra. Como dous tuaregues, mas num azul podre. O Buba é da GUiné-Bissau, e amigo da conversa. Falou-me fascinado do seu país, “o mais bonito do mundo”. embora estripado pola maldita guerra. Perguntou.me polo meu, e ainda bem não lhe explicara e já entenderá tudo: “Ah! Bem sei, bem sei.. A Galiza é como Porto ou Braga, não é? Eu estive por lá. É um país verde e com árvores… Espanha não. Espanha é um país triste de árvores tristes”.




formiga gabeadora d'árvore das namoradas
















ENXERTO

Escribir para nom falar e quedar afónico
precisar a prótese
de ter que falar.













"A porta da música" ao fundo







ERÓTICA E POLÍTICA DA ERVA

Cunqueiro adianta-se, nas São Lucas de Mondonhedo, a toda a literatura dos aromas posterior. Não com elogios do almíscar ou canela, mas da vulgar erva camponesa, leito dos amores labregos. Cunqueiro descreve o mercado da erva das San Lucas como a geografía dos odores: “quando fica desperta a pracinha, noite já, ouve-se cair a áuga na fonte e aspira-se o fino e fresco odor da amargosa; assim deven cheirar as fadas dos campos, as infanas de Irlanda e da Bretanha, as horas da alva nos prados húmidos de orvalho”. Da amargosa (Anthexanthum odoratum) e festucas e glicinas faria Dom Álvaro, “se fosse perfumista em Paris”, pinguinhas dum perfume “tão carnal e tão alegre”, que apenas destinaria à mais amada mulher. Como um senhorito tímido numa vila tomada polos labregos, Cunqueiro aguarda que a multidâo se dissolva para apanhar, tímido, um feixinho de ervas. “Não é como passear, claro está, com Julieta, mas sim é passear com o odor de Julieta”.

Também os Tristão e Iseu de Béroul procuram a molicie perfumada da erva. Iseu insiste em atapetar o leito “com copioso erva”. De volta com o rei de Cornualha, dentro do Castelo, Tristão “viu a estância, que estaba atapetada de verdor”, nostalgia perfumada de Morrois. Dom Dinis e Dom Joâo I conheciam a história, mas do Tristâo e Iseu galego-portugués apenas conservamos quatro lais limiares no Cancioneiro Colocci-Brancuti, sem rastro de erva. Em todo o caso, na invençâo céltica do amor aparece a erva, a mesma erva camponesa do nosso romanceiro popular, e que escandaliza o padre Posse. Um dos primeiros en propor uma República Galega, independente e de vocaçâo atlántica, o padre Posse, era também um cruzado contra a “lascivia mais implica” do agro galego. Num etardecer, quando o religioso passa em diligência por algum ponto entre Corunha e Santiago, encontra-se com uma cena herbal que o escandaliza: estaba uma moça pastando bois num prado que tinha loureiros e salgueiros. Não longe dela ceifava erva, acocorado, um joven (…) A moça foi detrás e deu-lhe um empurrão, fazendo-o cair de bruços. Ele ergueu-se para ceifar a erva. Estas tentativas repetiram-se três ou quatro vezes. No último empurrão seguiu-a a serio, e ela escapava, volvendo-se para ele, incitando-o com as mâos e fingindo que fugia, defendendo-se, até que se meteram entre as árvores,
onde deixei de os ver …


Mas toda erótica implica uma política, e a política da erva é uma aposta deleuziana contra a filosofía arborescente e o bosque de Heidegger, tão caro ao pinheirismo. “A erva” –escreve Henry Miller em Hamlet– “só se dá no meio dos grandes espaços nâo cultivados. Preenche os vazios, cresce entre / no meio das outras cousas. A flor é Formosa; a berça, útil; a dormideira enlouquece. Mas a erva, a erva é o transbordamento, toda uma liçâo de moral”.


O bosque galego esvaece e seria de néscios parar-nos a inventar serras enquanto as árvores caem. Em todo caso, se calhar ese ponto de intensidade na ética a que chamamos Galiza nâo volte como bosque. Se está a renascer, a sobreviver, é como erva, como contágio nas margems, emergindo entre: A erva da insurreição que vem.








POST-SCRIPTUM´
Es una aberración imaginar por un instante pertenecer a la mentira, esta mentira, enquistada por el desarrollo. La verdad como dice el filósofo es una necesidad constitutiva del hombre. Si, entendemos como natural “hombre” como carencia, herida, lengua. Sencillamente por ese motivo me gustaría regalarle alguna de estas fotografías a Carlos C. Varela allá en su séptima estância penitenciaria. Creo que se les impide ver grabaciones, reproducciones, pues están “presos” a presenciar la reproducción de la represión para, supuestamente, hacer valer el control penal. La inmovilización. Ellos, los Yomismos. En el poema Ceremonia tras un Bombardeo de Dylan Thomas Myselves / The grievers / Grieve / Among the Street burned to tireless death / A child of a few hours / With its kneading mouth / Charred on the black breast of the grave / The mother dug, and its arms full of fires. / Yomismos / Os esmendralladores / esmendrellan / entre as ruas que queimaram de morte infatigável / O rapaz de cativas horas / De amassada boca / Peito negro carbonizado sepulcral / Que a mãe cavou, e cheios de chamas os braços. / Beging / With singing / Sing ….           ….y así sucedió. 
La canción sonó. Y ya no cabe más vuelta. Hacerla re-sonar. Traer desde las profundidades de esta república judicial impuesta por el desarrollismo “ingenioso” alguna de sus des-ramificaciones. *
/* aquí enlace blog persoal da rede, DE VOLTA PARA LOUREDA

Y aquí también podeis acceder a la entrada publicada hace justo un año aquí en el ccRider con otro texto, otro texto de Carlos, y cada texto a su vez, poliedro.
- Agradezco a los viandantes su visita y atención -


 

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