Aquí dejo dos fragmentos si las velocidades os permiten deteneros
aquí. Demorar la desaparición resultado del entrevero, in-tentar atravesar los
márgenes. Qué pobreza la de un recuadro! Qué fragilidad! No bien es cierto que
estos dos fragmentos de Carlos están entre esas “tomas” que amo, pues son fruto
del acto de andar, de un espacio a pie de casa. Dentro de un rato en la
facultad de filosofía será una presentación del libro. De momento, ralentizo la
lectura, resido en cada hoja, y os invito a quedar.
CARLOS C. VARELA
DIARIOS
ATRAVÉS
editora
O SORRISO DAS ÁRBORES
“IAGO: Dende a ventá da miña cela vese
unha chaira e
catro arboriñas solitarias. Son tan
pequechas e enxumidas
que máis ben semellan matogueiras. (… )
aquela chaira
interminábel e estraña”.
Roberto Vidal Bolaño, Rastros
“… está falta de árvores e cheia de
homens maus e vicosos…”
Códice Calistino
Com a náusea, Ronquentin angustia-se
perante a contingencia da materialidade, mas cuando se sobrepõe,
é o sorriso das árvores o que o resgata: “Ergui-me, saí. Ao chegar à cerca,
volvi-me. Então o jardín sorriu- me (…) O sorriso das
árvores, do maciço de loureiro quería dizer algo; aquele era o verdadeiro
segredo da existencia. Recordei que num domingo, não há
mais de três semanas, tinha captado nas cousas uma espécie de ar de cumplicidade…
“. A mesma cumplicidade de que falam em To the lighthouse as
personagens de Virginia Wolf? “Tornava-se curioso, pensou, como, quando alguém
estaba sozinho, se apoiava nas cousas, nas cousas inanimadas; árvores, ríos,
flores; sentía que davam expressão ao sei propio ser, que
se convertiam nele, que o conheciam; que em certa maneira, eran ele, e sentía
desse modo a mesma ternura irracional polas cousas (contemplo o longo lampejo
luminoso) que por um mesmo”.
Como habitar um lugar sem árvores? Um
não-lugar sem árvores,
mesmo se não houver muros.
Conheci o Buba no ventre da Audiência
Nacional. Fazia un frio do demo. Com umas mantas nojentas remoinhamonos como
pudemos na mazmorra. Como dous tuaregues, mas num azul podre. O Buba é da
GUiné-Bissau, e amigo da conversa. Falou-me fascinado do seu país, “o mais
bonito do mundo”. embora estripado pola maldita guerra. Perguntou.me polo meu,
e ainda bem não lhe explicara e já entenderá tudo: “Ah! Bem sei, bem sei.. A
Galiza é como Porto ou Braga, não é? Eu estive por lá. É um país verde e com
árvores… Espanha não. Espanha é um país triste de árvores tristes”.
formiga gabeadora d'árvore das namoradas |
"A porta da música" ao fundo |
ERÓTICA E POLÍTICA DA ERVA
Cunqueiro adianta-se, nas São Lucas de Mondonhedo, a toda
a literatura dos aromas posterior. Não com elogios do almíscar ou canela, mas
da vulgar erva camponesa, leito dos amores labregos. Cunqueiro descreve o
mercado da erva das San Lucas como a geografía dos odores: “quando fica
desperta a pracinha, noite já, ouve-se cair a áuga na fonte e aspira-se o fino
e fresco odor da amargosa; assim deven cheirar as fadas dos campos, as infanas
de Irlanda e da Bretanha, as horas da alva nos prados húmidos de orvalho”. Da
amargosa (Anthexanthum odoratum) e
festucas e glicinas faria Dom Álvaro, “se fosse perfumista em Paris”,
pinguinhas dum perfume “tão carnal e tão alegre”, que apenas destinaria à mais
amada mulher. Como um senhorito tímido numa vila tomada polos labregos, Cunqueiro aguarda que a multidâo se
dissolva para apanhar, tímido, um feixinho de ervas. “Não é como passear, claro
está, com Julieta, mas sim é passear com o odor de Julieta”.
Também os Tristão e Iseu de Béroul procuram a molicie perfumada da erva. Iseu
insiste em atapetar o leito “com copioso erva”. De volta com o rei de
Cornualha, dentro do Castelo, Tristão “viu a estância, que estaba atapetada de
verdor”, nostalgia perfumada de Morrois. Dom Dinis e Dom Joâo I conheciam a
história, mas do Tristâo e Iseu galego-portugués apenas conservamos quatro lais
limiares no Cancioneiro Colocci-Brancuti,
sem rastro de erva. Em todo o caso, na invençâo céltica do amor aparece a erva,
a mesma erva camponesa do nosso romanceiro popular, e que escandaliza o padre
Posse. Um dos primeiros en propor uma República Galega, independente e de
vocaçâo atlántica, o padre Posse,
era também um cruzado contra a “lascivia mais implica” do agro galego. Num etardecer,
quando o religioso passa em diligência por algum ponto entre Corunha e
Santiago, encontra-se com uma cena herbal que o escandaliza: “estaba uma
moça pastando bois num prado que tinha loureiros e salgueiros. Não longe dela
ceifava erva, acocorado, um joven (…) A moça foi detrás e deu-lhe um empurrão,
fazendo-o cair de bruços. Ele ergueu-se para ceifar a erva. Estas tentativas
repetiram-se três ou quatro vezes. No último empurrão seguiu-a a serio, e ela
escapava, volvendo-se para ele, incitando-o com as mâos e fingindo que fugia,
defendendo-se, até que se meteram entre as árvores,
onde deixei de os ver … “
Mas toda erótica implica uma política,
e a política da erva é uma aposta deleuziana contra a filosofía arborescente e
o bosque de Heidegger, tão caro ao pinheirismo. “A erva” –escreve Henry Miller
em Hamlet– “só se dá no meio dos
grandes espaços nâo cultivados. Preenche os vazios, cresce entre / no meio das
outras cousas. A flor é Formosa; a berça, útil; a dormideira enlouquece. Mas a
erva, a erva é o transbordamento, toda uma liçâo de moral”.
O bosque galego esvaece e seria de
néscios parar-nos a inventar serras enquanto as árvores caem. Em todo caso, se
calhar ese ponto de intensidade na ética a que chamamos Galiza nâo volte como
bosque. Se está a renascer, a sobreviver, é como erva, como contágio nas
margems, emergindo entre: A erva da insurreição que vem.
POST-SCRIPTUM´
Es una aberración imaginar por un instante pertenecer a la
mentira, esta mentira, enquistada por el desarrollo. La verdad como dice el
filósofo es una necesidad constitutiva del hombre. Si, entendemos como natural “hombre”
como carencia, herida, lengua. Sencillamente por ese motivo me gustaría
regalarle alguna de estas fotografías a Carlos C. Varela allá en su séptima estância
penitenciaria. Creo que se les impide ver grabaciones, reproducciones, pues
están “presos” a presenciar la reproducción de la represión para,
supuestamente, hacer valer el control penal. La inmovilización. Ellos, los
Yomismos. En el poema Ceremonia tras un
Bombardeo de Dylan Thomas Myselves / The grievers / Grieve /
Among the Street burned to tireless death / A child of a few hours / With its
kneading mouth / Charred on the black breast of the grave / The mother dug, and
its arms full of fires. / Yomismos / Os esmendralladores / esmendrellan / entre as
ruas que queimaram de morte infatigável / O rapaz de cativas horas / De
amassada boca / Peito negro carbonizado sepulcral / Que a mãe cavou, e cheios
de chamas os braços. / Beging / With singing / Sing …. ….y así sucedió.
La canción sonó. Y ya no cabe más vuelta. Hacerla re-sonar.
Traer desde las profundidades de esta república judicial impuesta por el
desarrollismo “ingenioso” alguna de sus des-ramificaciones. *
/* aquí enlace blog persoal da rede, DE VOLTA PARA LOUREDA
Y aquí también podeis acceder a la entrada publicada hace justo un año aquí en el ccRider con otro texto, otro texto de Carlos, y cada texto a su vez, poliedro.
/* Ser dos / Aqochra e a boina: jogar a “ser homem”
- Agradezco a los viandantes su visita y atención -